O home office que, a princípio, causou tanta expectativa e incerteza, passou a fazer parte da rotina da grande maioria dos profissionais no mundo e vem demonstrando eficácia, sem comprometimento da qualidade do trabalho, notadamente considerando a digitalização da quase totalidade dos serviços.

Esta situação gera reflexão sobre o formato a ser adotado pós-pandemia.

Voltaremos aos nossos respectivos postos de trabalho ? Manteremos este formato, ainda que parcialmente ? Quais resultados positivos foram obtidos? Gerou economia? Enfim, uma série de questões a serem ponderadas.

Neste universo, se insere a questão dos apartamentos residenciais e prédios comerciais.

Em recente entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, edição de 02 de maio último, a coordenadora de projetos da construção do Ibre/FGV, Ana Maria Castelo, observou que o segmento comercial tende a ser o mais afetado inicialmente. “Ele estava começando a respirar com a recuperação da economia. Agora, com esse desarranjo, e ainda com o home office, ele deve sofrer ainda mais“, afirma.

Os prestadores de serviços se viram obrigados a adotar meios alternativos para manterem-se “vivos”, passando, grande parte, a trabalhar no formato delivery, o que , além de redução de quadros de funcionários, também implica na desnecessidade de manter uma estrutura de atendimento presencial, afetando diretamente a locação de imóveis comerciais.

Por outro lado, nos últimos anos, tivemos uma explosão de lançamentos de micro apartamentos (quitinetes, studios) oferecendo bons preços, proximidade aos meios de transporte, atraindo um público que, ou passa a maior parte do tempo em seus respectivos escritórios, não necessitando de mais do que poucos metros para moradia; ou viu-se atraído pelos preços mais acessíveis; ou, ainda, aqueles que os utilizam por tempo determinado.

A ideia era oferecer facilidades no jeito de morar, aproximando as pessoas dos centros, das principais vias de transporte público, acoplando serviços de lavanderia, academia e outros benefícios.

Porém, a experiência do home office e o isolamento social imposto pela pandemia, pode ter comprometido as vantagens deste tipo de moradia, além de, considerando a crise econômica deflagrada pela pandemia, tornar inviável a aquisição de imóveis de médio e alto padrão.

Vemos que a capacidade de adaptação a uma nova realidade está sendo posta a prova em vários níveis e, certamente, é ela que determinará o futuro do mercado imobiliário; quer pela experiência compulsória do home office; pela constatação do conforto e praticidade, ou não, dos micro apartamentos; e, pela necessária revisão das condições para comercialização de novas unidades residenciais de médio e alto padrão , além dos contratos comerciais que, a toda evidência, estão sofrendo o impacto da pandemia com maior intensidade.